As famílias brasileiras gastaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares em 2024, o que representa um aumento de 43,7% em relação ao período de 2021. Essa é a estimativa de uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro, que entrevistou 1.461 pessoas com mais de 18 anos em todo o país.
De acordo com o estudo, a maior parte das famílias (85%) com filhos em idade escolar gastam com materiais escolares, e essas compras impactam os orçamentos de 38% das famílias com muito impacto e 47% com algum impacto. Apenas 15% das famílias disseram que as compras de materiais escolares não têm impacto no orçamento.
A maioria das famílias precisará comprar materiais escolares solicitados pelas escolas (87%), seguido de uniformes (72%) e livros didáticos (71%). O valor gasto com materiais escolares aumentou ao longo dos últimos anos, passando de R$ 34,3 bilhões em 2021 para R$ 49,3 bilhões em 2024.
O diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha, destaca que esse impacto ocorre tanto para famílias com filhos em escolas públicas quanto privadas. “Muita gente acha que pais que estão com filhos em escolas públicas, por, teoricamente, ganharem o uniforme, o material, não têm nenhum gasto. Mas a realidade é muito diferente. Praticamente todos os pais que têm filhos em escolas públicas acabam tendo que, pelo menos, complementar parte do material escolar, parte do uniforme, e acabam também tendo um peso no orçamento doméstico por conta disso.”
A estimativa é que a maior parte dos gastos se concentre na classe B (R$ 20,3 bilhões) e na classe C (R$ 17,3 bilhões), que juntas são responsáveis por 76% dos gastos nacionais. A Região Sudeste concentra a maior porcentagem dos gastos, 46%, seguida pelo Nordeste, 28%. O menor percentual está na Região Norte, 5%.
A Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE) estima que os aumentos dos custos com materiais escolares se dão principalmente por conta de fatores como inflação anual e elevação nos custos de produção, além dos preços de frete marítimo, no caso dos importados, e alta do dólar. Para 2025, a entidade estima um aumento entre 5% e 9%.
A ABFIAE defende programas públicos para aquisição de material escolar e redução de impostos cobrados para esses produtos. Segundo a entidade, em alguns itens, os tributos chegam a representar 50% do valor do produto. “Nós fizemos esse pleito na reforma tributária, que ele fosse enquadrado junto com alguns itens que foram reduzidos, porque hoje você tem, normalmente, na faixa de 40%, até mais de 40% de impostos nos itens da lista escolar. Então, isso tem um peso grande no valor final.”