A noite passada e a madrugada desta quarta-feira (18) foram marcadas por um temporal incessante em Canoas, no Rio Grande do Sul, trazendo lembranças dolorosas para a técnica em administração Patrícia Vargas, de 51 anos, moradora do bairro São Luiz. “Foi mais um dia de terror”, resume Patrícia. O temporal reavivou o trauma de maio do ano passado, quando sua casa foi destruída pela enchente.
Patrícia e sua mãe, de 75 anos, não dormiram naquela noite, temendo que a água invadisse novamente sua casa. “Eram três horas da manhã e pensamos que a água iria invadir de novo a nossa casa”, recorda. A água estava prestes a entrar na porta da cozinha, “ficou a menos de um dedo para entrar”. Quem passou pelas dificuldades das cheias do ano passado sabe bem o desastre que elas podem provocar.
“Somente quem perdeu tudo sabe o que isso significa. Eu tenho 51 anos e nunca esperava passar por duas experiências dessas em tão pouco tempo”, afirma Patrícia. Em maio do ano passado, a casa inteira foi inundada com água e lama de mais de meio metro de altura, deixando apenas uma geladeira intacta. Patrícia diz que esperava que fossem tomadas providências mais efetivas nos últimos 12 meses. “A gente está se sentindo meio abandonada. Ninguém do meu bairro dormiu na última noite e aqui o nosso bairro é pequeno, tem cerca de 3 mil pessoas”.
Os moradores do bairro criaram um grupo em um aplicativo de mensagens para se ajudarem nos alertas. Foi inclusive por meio de uma vaquinha entre amigos que Patrícia conseguiu comprar alguns móveis para viver. “Depois que teve a enchente, essa foi a pior noite de todas”, relata.
A prefeitura de Canoas informou que monitora as condições de instabilidade do município em vista dos prognósticos de dias chuvosos feitos pelos institutos de meteorologia. A Defesa Civil do Rio Grande do Sul chamou a atenção para o risco de alagamentos também em áreas da Serra, de vales e do litoral norte do estado. A previsão é de “chuvas volumosas” também nesta quinta-feira (20).
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta vermelho, que indica grande perigo na escala de grau de severidade para o volume de chuvas que deve ser registrado no Rio Grande do Sul nos próximos dias, superior a 60 milímetros por hora (mm/h) ou acima de 100 mm/dia.
Duas mortes foram confirmadas pela Defesa Civil até o momento. Até a manhã desta quarta-feira, 51 cidades haviam informado problemas, como casas alagadas, estradas obstruídas e pontes danificadas, por causa da água. Mais de 1.300 pessoas estão desalojadas e mil foram enviadas para abrigos.
O governador Eduardo Leite fez um alerta sobre as chuvas nas redes sociais, mas disse que as atuais não se comparam com as do ano passado. No entanto, a situação continua crítica e as autoridades estão trabalhando para minimizar os impactos das chuvas no estado. A população está em alerta, temendo que a situação se agrave nos próximos dias.
A situação em Canoas é apenas um exemplo dos problemas que as chuvas têm causado no Rio Grande do Sul. A região está enfrentando uma crise humanitária, com muitas pessoas desalojadas e sem acesso a serviços básicos. A comunidade está se mobilizando para ajudar os afetados, mas é claro que mais precisa ser feito para prevenir desastres como esse no futuro.
Enquanto a situação não melhora, a população está se preparando para o pior. A Defesa Civil e as autoridades estão trabalhando arduamente para minimizar os danos, mas é fundamental que a população esteja informada e preparada para enfrentar as consequências das chuvas. A prevenção e a preparação são fundamentais para evitar que situações como essa se repitam no futuro.