A jovem Juliana Leite Rangel, baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera de Natal, teve uma piora no seu quadro de saúde e precisou voltar à respiração mecânica. A informação foi divulgada pela prefeitura de Duque de Caxias, responsável pelo Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Segundo o boletim médico, Juliana apresentou uma piora nas 24 horas anteriores, com febre, sinais clínicos e laboratoriais de um novo quadro infeccioso. Isso fez com que ela precisasse retomar medicação para controle de pressão arterial, sedação leve e retorno à ventilação mecânica, além de ajustes no tratamento da infecção.
Além disso, o processo de reabilitação da jovem teve que ser interrompido devido ao agravamento do seu quadro infeccioso. Juliana ainda precisa de traqueostomia, procedimento cirúrgico que consiste em criar uma abertura na traqueia/garganta para que o paciente possa respirar.
Recentemente, Juliana havia apresentado melhoras, incluindo a retirada da ventilação mecânica, ficando lúcida, abrindo os olhos, interagindo com pessoas e movendo os membros. No entanto, agora ela segue em terapia intensiva, em acompanhamento pelo serviço de neurocirurgia, psicologia e equipe multidisciplinar. Não há previsão de alta do Centro de Terapia Intensiva (CTI).
O caso de Juliana Rangel é apenas mais um exemplo de abordagem policial excessiva no Brasil. A jovem foi atingida por um tiro de fuzil na noite de Natal, dentro do carro da família, na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias. Segundo o pai dela, Alexandre Rangel, que dirigia o carro, não havia nenhum motivo para a abordagem a tiros. Ele também foi atingido na mão esquerda e recebeu alta ainda na noite de terça-feira.
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) estão investigando o caso. O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação apura todos os casos de excessos durante abordagens policiais feitas pelos seus agentes. Os dois homens e a mulher que participaram da abordagem foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais.
A família de Juliana Rangel pleiteia na Justiça Federal uma pensão provisória para se manter financeiramente, uma vez que o pai de Juliana, mecânico por conta própria, não pode trabalhar por causa do ferimento na mão. A PRF afirma que disponibiliza auxílio logístico para os deslocamentos necessários à família, além de ofertar apoio psicológico.
Este caso não é isolado. Em 2023, outro caso de carro atingido por tiros disparados por policiais rodoviários federais no Rio de Janeiro terminou com a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos. A abordagem foi no dia 7 de setembro, na Rodovia Raphael de Almeida Magalhães, conhecida como Arco Metropolitano, na altura do município de Seropédica.